sábado, 5 de março de 2011

CARLOS ACHOU OURO NEGRO NO QUINTAL

Um homem de modos e palavras simples que, carpindo o terreno de sua chácara, descobre uma quantidade de petróleo suficiente para mudar sua vida de uma hora para outra. A história, que lembra seriado e filme hollywoodianos, hoje move a rotina de um caminhoneiro aposentado. Há cinco anos, ele comprou um sítio em Caruara, na área continental de Santos, em busca de sossego.
Morador de Guarujá, Carlos Galdino Prates, de 67 anos, cuidava da propriedade quando se deparou com um líquido escuro brotando da terra. Preocupado com o mangue que fica atrás do sítio, começou a colocar folhas secas para conter o óleo que corria pelo solo. Logo depois do susto, ainda intrigado, revela ter descoberto mais dois pontos ­ localizados ao lado da pequena casa que ocupa o terreno ­ onde mais líquido fluia. "Eu comprei esse lugar para passar dias de lazer com a família. Jamais imaginei um negócio desses", surpreende-se Prates. "Tinha tanto lugar para isso acontecer e foi acontecer logo no meu cantinho", diz o aposentado, que confessa ter medo de perder a chácara onde hoje as árvores que plantou dividem espaço com as demarcações feitas pela Petrobras. Conforme conta o aposentado, como o líquido continuava a jorrar mesmo com o passar dos dias, ele teve receio de que o mangue atrás de sua chácara ­ localizada próximo ao Canal de Bertioga ­ estivesse correndo perigo. "A primeira coisa que eu fiz foi chamar a Cetesb. Depois vieram técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e da Petrobras", conta ele, fazendo questão de mostrar à Reportagem o líquido que parece ter chamado a atenção dos técnicos da estatal.

COLETA
Ao lado da esposa, com quem vive há 35 anos, ele afirma que funcionários da Petrobras já estiveram duas vezes no local. Na primeira, colheram uma pequena amostra e, no dia seguinte, levaram mais dois litros do líquido que seria enviado a Brasília para análise. "Eles disseram que é óleo mesmo, mas que não está vazando de nenhum duto da Petrobras. Eles falaram ainda que (caso seja confirmado se tratar de petróleo) eu posso ficar rico", brinca o aposentado, que, no entanto, diz não se importar com o dinheiro que pode estar por vir. "Não preciso de mais nada na minha vida. Tenho minha aposentadoria, minha chácara, minha mulher e meus três filhos e netos, que têm muito carinho por mim", orgulha-se ele. Pelo que informaram a ele os técnicos da Petrobras, o resultado da análise deve ficar pronto em 30 dias. Caso a suspeita seja confirmada, o ex-caminhoneiro teria a chácara de 12 mil metros quadrados interditada e, por conta disso, passaria a receber uma indenização mensal, além de participação sobre o que produzir os três poços.

CURIOSIDADE
Se eu achar petróleo em minha propriedade, virarei um concorrente da Petrobras? Concorrente, não. Será mais uma espécie de sócio. Segundo a legislação brasileira, todo o petróleo que está no subsolo pertence ao Governo Federal. Nos Estados Unidos, quem acha petróleo (ou gás natural) no quintal de casa pode ficar milionário, já que a exploração fica a cargo de empresas privadas. O brasileiro que se deparar com petróleo em sua propriedade não fica de mãos abanando. Ao encontrar o líquido, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) fará uma licitação para escolher a empresa que ganhará o direito de explorar a jazida. O dono do terreno fica com uma parte do dinheiro, que varia entre 0,5% e 1%. Pode parecer pouco, mas com o barril de petróleo na casa do US$ 80 (cerca de R$ 148), se a jazida produzir mil barris por dia, o dono do terreno pode faturar mais de R$ 20 mil em um mês.

FONTE: REVISTA GALILEU